>Discourse, discourse, discourse…
Desde revistas estúpidas prometendo “emagrecimento instantâneo” até uma imagem de Dilma Rousseff comendo um pombo no calçadão de Osasco, toda forma de mídia foi usada como um meio de extrair dinheiro dos membros mais vulneráveis de nossa sociedade e fazer a realidade “um pouquinho” pior.
Zuckerberg começa sua carreira ao criar o site “Facesmash” em que o usuário escolhe “qual é a mais gostosa” dentre fotos de colegas de Zuckerberg. Mais tarde, com a ajuda do bilionário e super vilão Peter Thiel cria o site “Facebook”, hit de sucesso na época onde atualmente você compra geladeiras e fogões de segunda mão. Não feliz com seu império informacional, compra também os aplicativos Instagram e Whatsapp, enquanto algumas pessoas chamariam isso de monopólio, na época a mídia chamou isso de “gênio milenial expande seus investimentos”
Após se envolver com a venda de informações pessoais acarretando no BREXIT, guerra racial em Myanmar, abuso da privacidade de seus usuários e streaming de diversos atentados terroristas, Zuckerberg concluiu recentemente que está cansado do “deep state” atrapalhando a “nossa liberdade” e finalmente decide que todo o lixo que existe desde a criação da máquina de escrever seja lançado ao mundo com sua loucura elevada a fibra ótica, pois como todo humano sabe, a troca entre poder falar palavrões em um jornal virtual vale todo abuso corporativo imaginável.
As tecnologias recentes matam, foi-se a época do Terra, ler blogues, compartilhar PDFs, redes P2P ou jogos flash, tudo que resta é uma interface gentrificada tóxica e um conteúdo audiovisual ao qual unifica o significado do termo “usuário” tanto no contexto das redes sociais quanto no uso de drogas.
>Eu pessoalmente não gosto do conceito de tecnofeudalismo.
A produção do Varoufakis muitas vezes adentra ao “museu de não entendimento da tecnologia”, porém nos sonhos a base de peyote de alguns dos hippies formadores do Vale do Silício, talvez houve um resquício de Henrique Oitavo, que tal como o Rei Inglês – romperiam o laço jurídico-filosófico da época ao seu belo prazer – Open-Source foi de hobby a trabalho, deixando a unica coisa realmente “free” sendo o trabalho a grande corporações, Freedom of Expression ou melhor, o modelo de Redes Sociais é uma forma de data hoarding sem ponto de chegada, AI é uma grande promessa de não pagar salários corporativos…
E sendo bem sincero, não tem muito o que se fazer na “internet”, tirando o compartilhamento de mídia audio-visual, a internet é um lugar extremamente inútil. Se não fosse pelo uso de software como uma forma de burlar burocracia e regulamentação graças a lentidão de órgãos públicos de entenderem a natureza de tais empresas, um belo modelo de crescimento infinito sem nunca ter um produto funcional e com promessas vazias sempre que possível, aquisições violentas, extorção de populações pobres e o eterno arraiá de investidores, a internet não pareceria um lugar bom de se investir.
Ao passo em que o zeitgeist se encaminha a sua era de “pai divorciado” e do terceiro ao primeiro mundo pessoas são jogadas a condições subhumanas de qualidade de vida, que resta às pessoas sem espaço numa mesa de acionistas é ignorar o surto da classe inútil de bilionários jogando dinheiro em projetos de AI tal como crianças brincando de batata quente. Ser cidadão do “ciberespaço”, a “cyber pobreza” ou “cyber bordel” foi uma linda jornada que nos levou do Club Penguin ao Capitólio.
“Our inventions are wont to be pretty toys, which distract our attention from serious things. They are but improved means to an unimproved end, an end which it was already but too easy to arrive at; as railroads lead to Boston or New York. We are in great haste to construct a magnetic telegraph from Maine to Texas; but Maine and Texas, it may be, have nothing important to communicate… As if the main object were to talk fast and not to talk sensibly… After all, the man whose horse trots a mile in a minute does not carry the most important messages.”
– Henry David Thoreau (Walden, 1854)
Tecnologia